TRANSFORMANDO OS CUIDADOS COM A SAÚDE FOCADO EM VALOR
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Por Gabriela Prada, diretora de Políticas de Sistemas de Saúde Global e Assuntos Governamentais Globais da Medtronic
Mais de 50 líderes da área da saúde se reuniram em janeiro, em Barcelona, para discutir como Compras é crescentemente usado para dar suporte a esforços do sistema de saúde baseado em valor. Compra baseada em valor (VBP – value-based procurement), uma abordagem que envolve tomada de decisões de compra com base em valor em geral (resultados, qualidade, serviço e custos da saúde), em vez de apenas no custo, está ganhando destaque na Europa e cumprindo as expectativas.
Agentes públicos de Compras de 11 países compartilharam suas experiências e forneceram exemplos inspiradores que demonstraram como Compras está sendo usada como uma alavanca estratégica para cumprir os objetivos de hospitais e sistemas de saúde. Isso mostra como a função de Compras está evoluindo para se tornar um componente estratégico de inovação e sustentabilidade no sistema de saúde.
Lições importantes emergiram de discussões francas entre os especialistas em compras, administradores e médicos.
Primeiramente, eles reconheceram as dificuldades de adotar o VBP dentro do contexto de uma mentalidade de volume e reembolso, bem como de modelos clínicos não sincronizados com o VBHC. Entretanto, informaram que projetos de VBP bem-sucedidos resultaram na defesa, por importantes grupos de interessados (incluindo médicos), de modelos de serviços de saúde, negócios e reembolsos que remuneram melhores resultados. Portanto, projetos de VBP bem-sucedidos estão mostrando que a proposta baseada em resultados oferece ímpeto para mudar modelos de reembolso e vias clínicas, para se alinharem mais amplamente com os objetivos de VBHC.
Em segundo lugar, a experiência europeia e canadense mostrou que os programas públicos de financiamento estão fazendo investimentos iniciais, necessários para alinhar as posições das partes interessadas, modelos de VBHC e práticas de Compras. Pelo menos metade dos projetos bem-sucedidos que foram discutidos receberam recursos financeiros da Comissão Europeia ou do Governo de Ontário, para experimentar modelos inovadores de Compras. Os recursos financeiros ajudaram a adquirir expertise, dar suporte a treinamento, implementar consultas saudáveis com as partes interessadas e testar as ferramentas que não apenas possibilitaram a implementação de projetos com sucesso, mas também aumentaram suas capacidades de VBP.
Em terceiro lugar, a necessidade de maior profissionalização da profissão de Compras foi identificada como fundamental. Implementar o VBP requer recursos, habilidades e ambições empresariais. Sugeriu-se que a falta de uma mentalidade apropriada no setor público resulta, frequentemente, em perda de oportunidades, ao lidar com empresas privadas. Mas quando agentes públicos de Compras possuem conhecimentos e ferramentas para mudar de volume para valor, suas mentalidades e comportamentos mudam. Essa mudança foi percebida como fundamental, porque ela dá, diretamente, força às pessoas para agir.
Em quarto lugar, o valor do diálogo competitivo e outros procedimentos competitivos baseados em resultados para habilitar o VBP era inegável. No entanto, esses métodos são frequentemente prolongados, complexos e dispendiosos para os agentes de Compras e empresas (particularmente por falta de expertise para implementá-los). Para resolver esse problema, o Reino Unido vem experimentando, com sucesso, os Acordos de Estrutura de Soluções (Solutions Framework Agreements). Essa abordagem apresenta dificuldades, mas é promissora e é uma boa alternativa que merece consideração, conforme as jurisdições aprimoram suas habilidades de VBP.
Não há dúvida de que progressos estão sendo feitos na definição e promoção do VBP nas jurisdições, mas ainda há muito a fazer, a começar pela obtenção de um consenso sobre o que constitui valor no contexto de compras de dispositivos médicos. Para direcionar essa conversação, sugerimos um modelo que retrata a evolução desse cenário. Nessa evolução, o maior valor (melhores resultados no tratamento de saúde) requer uma estratégia mais complexa, que envolve novas vias clínicas e modelos de negócios que incorporam dispositivos e serviços. Esse modelo sugere como Compras está se afastando da terceirização para formar parcerias mais sólidas, em que os setores públicos e privados são ambos responsáveis por melhores resultados do tratamento de saúde. Os exemplos da Catalunha, Dinamarca, Noruega e Canadá, expostos em Barcelona, demonstraram como essas parcerias estão mudando o tratamento de saúde hoje.
Essa mesa redonda nos deixou revigorados e inspirados. Sou incrivelmente grata a todos os líderes públicos de Compras que compartilharam seus conhecimentos. Também sou grata aos representantes do Banco Mundial, da Comissão Europeia e do ICHOM por compartilharem suas visões e pensamentos. Finalmente, agradeço profundamente nossos parceiros (AQuAS, Universidade de Saragoça e Medtech Europa) – sem os quais esse evento não teria sido possível.